Depoimento de Jair e seu cão-guia Sita doado pela ECGHK
Um exemplo de companheirismo, respeito às diferenças e suas necessidades especiais
Oi amigos, boa tarde!
Jair-e-Sita
Venho nesta tarde me apresentar e dar a oportunidade de vocês conhecerem um pouquinho a minha cadela Sita. Bom, eu me chamo Jair sou de SC, da cidade de Itajaí, natural de Fraiburgo e sou cego devido um acidente de automóvel quando eu tinha 21 anos. Fiquei por um ano e meio com 5% e acabei perdendo tudo.
Quando fiquei cego eu jamais pensava que um cego poderia fazer algo por si só, só sabia dentro de mim que eu teria que viver. Não sei se foi sorte ou ainda vou sentir a falta do luto da perda da minha visão, pois eu sendo psicólogo, entendo que o ser humano deve sempre vivenciar o luto, para com isto conseguir avançar com qualidade de vida. Mais o que me deixa um tanto despreocupado é que sei que existem pessoas resilientes que conseguem fazer do tal luto, uma alavanca para as novas conquistas, portanto, jamais derramei uma lágrima por ter ficado cego.
O nosso amigo Álvaro é testemunha disto. Pois ele tem grande contribuição em minha reabilitação, sendo que quando fui à busca de um cão-guia o encontrei, risos. Hoje agradeço muito a ele por ter me orientado nos primeiros passos em minha nova vida como cego. Ele é quem me deu a primeira bengala, e me levou em casa no dia que cheguei até ele para pedir um cão.
Depois deste dia, eu sabia como um cego poderia andar com uma bengala de um lado para o outro, mesmo sem ter tido orientação e mobilidade que era o certo, mas a ansiedade de ter a liberdade, já me arrumei e fui para a rua e graças a Deus nunca tive um acidente utilizando a tal bengala. Esta mobilidade me deu paciência para suportar o tempo que fiquei a esperar para conseguir um cão-guia.
Quando fiquei cego eu tinha visto um filme que tinha uma moça que utilizava um cão-guia e era onde eu tinha esperança que eu tinha de conseguir voltar a viver neste mundo sem enxergar, mesmo não sentindo a falta da mesma, só sabia que eu teria que conseguir arrumar um jeito para me locomover para ter liberdade de sair só.
Agora depois de grande tentativa de inscrição para obter o cão-guia fora de meu estado, para minha felicidade consegui o tal cão tão esperado, logo aqui perto de minha casa na cidade vizinha de Balneário de Camboriú.
Isto só foi possível depois de dezoito anos de luta, mas graças a Deus o meu sonho foi realizado! Hoje ando com dignidade e segurança nas ruas a quase três meses e quando estou andando com minha cadela sita, já temos uma boa confiança entre nós, pois já vamos a qualquer lugar só.
Equipe da Escola na entrega dos primeiros cães
Bom chega de falar de mim, e vou deixar a Sita se apresentar.
Boa tarde a todos, me chamo Sita sou uma menina de dois anos, preta, de pêlo curto de dois centímetros e com trinta e dois quilos.
Sou uma menina bastante arteira gosto de correr muito na praia livre, e a qualquer lugar que eu esteja com o meu dono sem o arreio estou a provocar o meu dono para a gente inventar alguma arte.
Gosto de brincar de bola, de luta, de esconde-esconde e fazer caminhada em lugares de grande espaço com muitas árvores.
No começo do meu trabalho fiz bastante teste com o meu dono Jair, para ver se ele realmente iria saber me cuidar e se ele teria atitudes nas horas difíceis nas estradas e lugares perigosos.
Mas hoje depois de ter pegado confiança nele sou uma menina bastante atenta ando sempre nas calçadas e procuro sempre subir e descer nas rampas e quando têm obstáculos eu me atravesso na frente dele para comunicar que tem algo e devemos tomar uma atitude.
Gosto de andar bem rápido mais graças a Deus não deixei o meu dono cair em lugar nenhum e nem bater em algo.
Hoje estamos fazendo aproximadamente 12 lugares só onde eu já sei, e como o meu dono é um tanto doido ficamos indo a qualquer lugar, e eu bem educada sempre levo ele de esquina a esquina e fico a esperar o comando dele para saber aonde devemos ir, pois são lugares que eu estou indo a primeira vez.
Mas sempre chego em casa bastante cansada mais feliz, pois quando entramos em nossa residência posso dizer assim, porque já me sinto fazendo parte desta família e até me sinto no direito de resguardar esta nossa casa e quando percebo alguém estranho logo corro a porta da sala e começo a ladrar e vou até o meu dono e puxo-o pela manga da camisa, para lhe mostrar.
E quando ele me retira do arreio demonstro que estou feliz balanceando o meu rabo e pulando muito por ter conseguido fazer o meu trabalho certo a quem me da tanto carinho.
Acho que já falei demais de mim e aqui fico e deixo um grande abraço de meu amigo e companheiro Jair, e uma lambejoca aos amigos de quatro patas que tem o mesmo desejo de servir os seres humanos.